segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

DOE ÁGUA,DOE ATENÇÃO, DOE ESPERANÇA

Foto: http://extra.globo.com/noticias/rio/efeitos-da-chuva-em-itaipava-874836.html
Não conheço Patrícia a moradora de Itapaiva quem escreve esta mensagem enviada por Verena Stetler via E-mail. Só basta ler para sentir a impotência e este sentimento não se compara com a dor das pessoas que vivenciaram e sofreram na pele esta tragédia. Comparto esta mensagem de Patrícia, um olhar profundo que implora pela fé e esperança. 

Resta-nos fazer nossa parte e ser solidarios com esta dor.   Luz Marina
MENSAGEM DE PATRÍCIA MORADORA DE ITAIPAVA


"Chuva: Fenômeno climático que consiste na precipitação de água no estado liquido sobre a superfície da terra. Ocorre a partir da formação das nuvens, que contém partículas de água, oriundas da evaporação da água na superfície do planeta.

Temos tantos tipos de chuva. Temos aquela chuva que atrapalha o tão sonhado feriadão. A chuva que vem para refrescar o verão. A chuva que socorre o povo lá do Nordeste. A chuva que mata a sede. A chuva que lava, que banha. A chuva que cultiva terras. Temos as chuvas cinematográficas. Tipo aquela do filme "Singin' in the Rain", com Gene Kelly.

Moro em Itaipava há 30 anos. Sempre na mesma casa, na mesma rua, com a mesma paisagem... Nunca me mudei. Nem eu nem meus pais. Há 30, 40 anos, Itaipava era "roça". Pelo que eu me lembro da minha infância, Itaipava tinha "um de cada". Um supermercado, um posto de gasolina, uma igreja, uma farmácia precária, uma padaria, um posto da polícia e um shopping. O imortal Shopping Itaipava! Quando meu pai construiu nossa casa e resolveu se mudar, minha mãe não queria vir de jeito nenhum. Moravam em Petrópolis, no centro, tudo pertinho. Minha mãe aprendeu a dirigir na marra.... afinal, a distância Itaipava/Petrópolis era enoooorme. Um lugar praticamente inóspito. Resumindo: para minha mãe, era quase o Rio de Janeiro de tão longe que era do centro da cidade.

Hoje, Itaipava tornou-se uma cidade. E meus pais não trocam por nada neste mundo. Já não se tem mais "um de cada". Itaipava virou o centro gastronômico do Estado do Rio. Farmácias agora, uma em cada esquina. E os shoppings? Ah, esses aí são inúmeros. Itaipava ganhou um fórum, ganhou corpo de bombeiros, ganhou lojas chiques, caras. Ganhou fama. Tornou-se lugar para refúgio de Cariocas, artistas, pessoas importantes que perambulam pra lá e pra cá na mídia. Virou até nome de cerveja. Bons restaurantes, maravilhosas pousadas, clima agradável. Contato diário com a calmaria do interior e com a natureza que é oferecida, de graça... é só contemplar e curtir. Tudo bem vai... falta um hospital por aqui para atender a população!!!!

Mas com todas essas benesses e benfeitorias, o crescimento se deu de forma desordenada. As margens dos rios foram ocupadas, os condomínios de luxo e pousadas foram se instalando. O desmatamento.... nem se fala.... desordem com idade aproximada de 40 anos.

Hoje, Itaipava reduziu-se a lama, escombros, tristeza, desabrigados, lixo.... calamidade pública. Hoje, Itaipava aparece no Jornal Nacional, no Jornal da Globo. Hoje, Itaipava está no centro de discussões entre jornalistas, analistas, políticos, metereologistas que querem descobrir de quem é a culpa. Quem ou o que justifica tamanha catástrofe?

Na verdade, quero saber quem vai liberar a verba, a grana, a bufunfa, o money???

Os analistas, jornalistas, especialistas, todos os "istas" trabalham com estatísticas, números de mortos, de desabrigados, de onde a chuva veio e para onde ela vai. Falam em "a maior tragédia natural do país". É tão estranho ver engravatados, num estúdio debatendo esses assuntos. Enquanto famílias inteiras perambulam pela União e Indústria, com filhos sendo carregados nas costas, com uma trouxa de roupa no lombo, caminhando sem saber para onde ir. Ver casas de ricos e de pobres desaparecerem. Encostas deslizarem, destruindo casas como se fossem feitas de papel. E na altura do campeonato o que importam as estatísticas? Qual o real objetivo de se descobrir de onde veio a chuva???

Ontem vi de perto, mas bem de perto o que costumo ver na TV, como o terremoto que devastou o Haiti ou o furacão Katrina que destruiu Nova Orleans. Todas as pessoas próximas que conheço afetadas por esta chuva estão bem. Duas delas perderam tudo. Só ficaram com a roupa do corpo. As casas em si, acabaram, sumiram. Se misturaram com a lama, a água e os destroços de outras casas, de outras famílias. Uma outra amiga minha, desde às 04:30 da manhã estava de chinelos e camisola tentando tirar a mãe e os móveis de dentro da casa, que por pouco não foram engolidos pela enxurrada. A hora em que cheguei à sua casa, as palavras foram embora. Não sabia o que dizer. A pergunta: "e aí? está tudo bem?" não combinava com o cenário. Fiquei sem palavras, não só pela casa, mas pela vizinhança. Resolvi me calar, pegar uma vassoura, um pano de chão e limpar tudo o que eu pude. Um dia inteiro não foi o suficiente para limpar e desinfetar os móveis, os quartos, as camas, colocar tudo em ordem. Talvez uma semana, um mês. Não sei!

É angustiante saber que todas aquelas pessoas que eu vi passando por mim, desejaram um bom início de ano, fizeram suas listinhas de resoluções para 2011. Ganharam uma roupa nova, um sapato novo, um tênis legal. Criaram expectativas. No Natal, gastaram seu 13o, dinheirinho suado, comprando um presente para o filho pequeno, ou deram entrada numa geladeira nova, num fogão, numa TV para assistir novela. Gente que em outubro votou para ter esperança. E é essa gente pobre e humilde que sofre mais. Com menos recurso financeiro, ficam a mercê dos políticos e de todos os "istas" que existem por aí....

Por tudo isso que narrei, quero dizer que não me importam as estatísticas, não me importam os engravatados de plantão, nem os debates cheios de palavrinhas técnicas para explicar a "maior catástrofe natural que o país já resgistrou". O que importa mesmo é saber o que toda essa gente vai comer amanhã, na semana que vem, no mês que vem???? Onde irão reconstruir a casa, o lar? Na mesma encosta que desabou ou na margem do rio??? Quem vai bancar? Quem vai pagar a conta???? Quem vai trazer de volta os entes queridos que as águas trataram de levar????

Moro ao lado de duas funerárias.... hoje estavam lotadas de parentes, amigos desolados, flores, abraços, lágrimas. Vi uma criança com seus poucos 06 anos de idade, chorando agarrado na cintura de uma senhora. Fiquei com vontade de descer do carro... mas não desci. Provavelmente perdeu alguém de sua família, pensei. Ainda tão novinho e a vida não o poupou do sofrimento. Vim para minha casa e não consegui pensar... fiquei com a cabeça vazia....

Já que temos tantos meios de comunicação, que atingem pessoas do mundo inteiro, porque não compartilhar esta tragédia e pedir para todos os moradores de Petrópolis que continuem doando sangue, roupas, comida, material de limpeza e de higiene pessoal. Não vamos nos esquecer do que aconteceu. Não vamos abandonar os que foram castigados. Tanto os ricos quanto os pobres. Para quem não sofreu nada, doe água, doe um sorriso, doe atenção, doe esperança....


Meu nome é Patrícia, moradora de Itaipava.

Texto Fonte via E-mail  

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

EU QUERO VOAR

Imagem Google

O ano novo chegou e estou iniciando 2011 com muita vontade de VOAR. eu quero voar baixinho, voar alto, voar por todos os cantos, voar para me ver e para ver, voar para me sentir e sentir, quero seguir voando para não perder minhas fantasias, minha imaginação e meus sonhos e nos preparativos deste vôo encontrei Clarice Lispector minha sempre companheira de viagem, ah como ela sabe escrever dessa nem sempre reconhecida liberdade de nos ACEITAR e RESPEITAR.
Abraços e um 2011 com muito crescimento.
Luz Marina
   
"Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!"
Clarice Lispector

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Recibi este maravilho filme enviado por  Elke Schulze , obrigada Elke,  continuemos voando juntas...