sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

MEDO DA VIDA


"Quantas pessoas que se quiseram suicidar
 se contentaram em rasgar a própria fotografia!"
Jules Renard


Prevenção nunca é demais
 
SUICÍDIO um tema que não deveria ser tabu, uma realidade muito frequente no Brasil, pais que ocupa  o triste oitavo lugar com mais suicídios no mundo, com dados   assim devemos fazer um alto e pensar no que esta acontecendo, porque esta acontecendo, com quem acontece e como fazer para não continuar acontecendo.                                                                                     A ideia suicida surge como resposta a estados de impotência, sentimentos de rejeição, perda, solidão, vergonha e culpa dentre outros. Transtornos psicológicos como os transtorno de humor (transtorno bipolar, distimia, e depressão maior), psicoses, transtornos de ansiedade, demências e transtornos de personalidade podem agravar o processo de ideação suicida, quadro que também pode estar associados à dependência de drogas, álcool e a fatores como: perdas afetivas, financeiras, doenças graves, envelhecimento, históricos de abandono, negligencia, abuso, suicídio de algum familiar ou pessoa significativa seja de forma afetiva ou introjetada. A morte vista como forma de alivio e como fuga alimentam o pensamento suicida.                                                                                                                            Na prática clinica, observa-se um aumento de pacientes com grandes dificuldades de enfrentamento, pessoas com muito medo de expor anseios e medos. Anseio do anseio e medo do medo.        O estresse, o foco no TER e não, no SER, a pressa, o controle, as frustrações fazem parte de um cotidiano que achamos "normal". Cada vez temos maiores dificuldades de falar de nós, falamos da vida como se a vida não fosse nossa, a vida vivida e sentida como fonte de problemas e de sofrimento. Temos medo de expor nossos anseios pensando que podemos ser julgados, criticados, maltratados ou não entendidos, e assim ficamos na superfície, no isolamento, na vitimização, assim a senhora  depressão vai ganhando espaço e assim começamos a perder.

OUTROS OLHARES comparte hoje três olhares que convidam à reflexão. O primeiro OLHAR, a frase que inicia esta publicação do novelista e dramaturgo francês Jules Renard (1864/1910), o segundo OLHAR, o relatório da Organização Mundial da Saúde e o terceiro OLHAR, o olhar preventivo da Associação Brasileira de Psiquiatria ABP, uma cartilha que merece ser divulgada. Seguem os links no final do texto.
Abraços a todas e a todos. Hoje sexta-feira, um dia para agradecer, viver e lembrar que mesmo na dificuldade  A VIDA é bonita demais.. 
Luz Marina


Jules Renard
"Quantas pessoas que se quiseram suicidar se contentaram em rasgar a própria fotografia!"Jules Renard

Brasil é o 8º país com mais suicídios no mundo, aponta relatório da OMS

 "Novo relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde, a OMS, chama a atenção de governos para o suicídio, considerado “um grande problema de saúde pública” que não é tratado e prevenido de maneira eficaz.

Segundo o estudo, 804 mil pessoas cometem suicídio todos os anos – taxa de 11,4 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. De acordo com a agência das Nações Unidas, 75% dos casos envolvem pessoas de países onde a renda é considerada baixa ou média.

O Brasil é o oitavo país em número de suicídios. Em 2012, foram registradas 11.821 mortes, sendo 9.198 homens e 2.623 mulheres (taxa de 6,0 para cada grupo de 100 mil habitantes). Entre 2000 e 2012, houve um aumento de 10,4% na quantidade de mortes – alta de 17,8% entre mulheres e 8,2% entre os homens. O país com mais mortes é a Índia (258 mil óbitos),  seguido de China (120,7 mil), Estados Unidos (43 mil), Rússia (31 mil), Japão (29 mil), Coreia do Sul (17 mil) e Paquistão (13 mil).

O levantamento diz ainda que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio e apenas 28 países do mundo possuem planos estratégicos de prevenção. A mortalidade de pessoas com idade entre 70 anos ou mais é maior, de acordo com a pesquisa.

Dificuldades
Para a OMS, o tabu em torno deste tipo de morte impede que famílias e governos abordem a questão abertamente e de forma eficaz. “Aumentar a conscientização e quebrar o tabu é uma das chaves para alguns países progredirem na luta contra esse tipo de morte”, diz o relatório.

O estudo da OMS aponta que os homens cometem mais suicídio que as mulheres. Nos países ricos, a taxa de mortalidade de pessoas do sexo masculino é três vezes maior que a de óbitos envolvendo o sexo feminio.

Sobre as causas, o relatório afirma que em países desenvolvidos a prática tem relação com desordens mentais provocadas especialmente por abuso de álcool e depressão. Já nos países mais pobres, as principais causas das mortes são a pressão e o estresse por problemas socioeconômicos.

Muitos casos envolvem ainda pessoas que tentam superar traumas vividos durante conflitos bélicos, desastres naturais, violência física ou mental, abuso ou isolamento.

Resposta nacional
De acordo com a OMS, uma maneira de dar uma resposta nacional a este tipo de morte é estabelecer uma estratégia de prevenção, como a restrição de acesso a meios utilizados para o suicídio (armas de fogo, pesticidas e medicamentos), redução do estigma e conscientização do público. Também é preciso fomentar a capacitação de profissionais da saúde, educadores e forças de segurança, segundo o estudo.

Para a agência, os serviços de saúde têm que incorporar a prevenção como componente central. “Os transtornos mentais e consumo nocivo de álcool contribuem para mais casos em todo o mundo. A identificação precoce e eficaz são fundamentais para conseguir que as pessoas recebam a atenção que necessitam”.

Fontes: http://www.abp.org.br/portal/conheca-a-cartilha-para-combater-o-suicidio/
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/09/brasil-e-o-8-pais-com-mais-suicidios-no-mundo-aponta-relatorio-da-oms.html 

domingo, 23 de novembro de 2014

A DANÇA INTERIOR


A DANÇA INTERIOR: Na Sala de Espera do Analista




Enquanto aguardo pacientemente impaciente terminar uma reforma em casa, decidi literalmente sacudir a poeira e retomar novamente meu blog OUTROS OLHARES, esquecido por mim e talvez pelos meus leitores. Estou aqui movida pelas minhas reflexões e meus interesses tentando escrever em portunhol sobre vínculos, relações e outras cositas.       
                       
As mensagens rápidas nas redes sociais e a vida corrida aparecem como desculpas que não justificam de forma alguma esta ausência ou descaso com um espaço que exige de mim uma parada, um momento de reflexão, uma intenção e uma ação.


Uma conversa via whatsapp (outra quase rede social de mensagens que pessoalmente acho barata, rápida, pratica e útil porém algumas vezes impessoal), foi minha fonte de inspiração, assim foi que decidi um domingo parar e escrever sobre um tema do meu cotidiano, o setting terapêutico. 

O termo Setting terapêutico, foi definido  por Zimerman em 1999, como o espaço organizador e normativo estabelecido logo no início do tratamento psicoterapêutico. Uma vez estabelecido o contrato terapêutico a proposta é de se tornar um espaço seguro onde o cliente ou paciente seja acolhido em sua forma de ser, um espaço para elaborar a dor, trabalhar magoas, medos e conflitos, configura-se principalmente como um espaço de construção. E,é aqui neste espaço que as dinâmicas relacionais paciente - terapeuta, terapeuta - paciente se consolidam e fortalecem, duvidas, incertezas, transferências e contratransferências dançam juntas, nas percepções individuais, ora paciente, ora terapeuta.


Naquela conversa descobri em mim um sentimento velado de impotência e solidão. Um simples comentário me fez pensar quanto paciente e terapeuta navegamos juntos na psicoterapia. Navegamos em um navio útero acolhedor e contenedor. Lá vamos nós nesta travessia, paciente e terapeuta, armados algumas vezes e carregados de redes  com defesas, medos e resistências. Nos acompanham a fé, a esperança e a autoconfiança como âncora nesta viagem, uma viagem que se torna um ritual conjunto planejado e agendado ou subentendido de diálogos silenciosos, de partidas e chegadas. 


Este ritual simboliza para mim como psicoterapeuta uma dança interior, uma dança que espelha o desejo e vinculo entre paciente e terapeuta, uma dança de autoconhecimento e autoaceitação. 

Com frequência falamos da vulnerabilidade do paciente, do significado, da importância e utilidade ou não dos processos terapêuticos, pouco falamos dos sentimentos do terapeuta, da solidão ou da sua impotência, daquilo que acontece quando o paciente chega e quando o paciente sai da sessão. 

O consultório também torna-se espaço útero para o terapeuta. A consulta termina e será necessária uma pausa para organizar as imagens e os conteúdos do encontro. É preciso um momento para uma reorganização interna, nem sempre possível, é este um momento de recolhimento, centro e individuação, por sorte neste momento também há comoção. 

Há muitos anos, uma frase escrita sempre na primeira folha da minha agenda terapêutica me acompanha: A capacidade de tolerar a incerteza é um pré requisito para nossa profissão, não sei quem será o autor ou autora dessa frase, sei que ela me ajuda a entender que cada paciente é único e especial, que cada historia é cada historia, e cada um tem sua forma e seu tempo. Esta frase remete minha atenção para cuidar da própria  soberba e da onipotência. No cuidado de si e do outro devemos perceber e respeitar nosso tempo interno e o tempo real ou imaginário do paciente. Sem nós propor há o perigo de tecer armadilhas, boicotes e frustrações relacionadas a desejos ou expectativas mutuas. 

Criar um vinculo desde o reconhecimento e a espontaneidade faz deste processo um processo sano e humano tanto para o paciente quanto para o terapeuta. Compartilho nesta postagem um outro olhar, o olhar de Martha Medeiros quem descreve de forma brilhante e bem humorada o que acontece do lado do paciente quando chega e sai da consulta.

Antes de iniciar a leitura gostaria destacar o paragrafo da escritora Martha Medeiros: Ninguém fica com vergonha de ir ao dermatologista, ao oculista ou ao geriatra, mas consultar um analista ainda é algo extremamente íntimo. 

Sem duvida como pacientes precisamos desmitificar o que 
acontece e nos acontece quando consultamos um terapeuta. Precisamos deixar de sentir vergonha quando falamos de nosso crescimento pessoal. Procurar ajuda e crescer junto é uma experiência de maturidade, claro que existem patologias e estigmatizações,existem medos de ser avaliados como "pessoas faltas", refletir sobre nossa experiência e relação terapêutica  já é o inicio.
Há uma diferença grande entre necessitar fazer terapia e querer fazer terapia, talvez seja neste ponto de reencontro ou na crença que fundamentamos sobre nossas atitudes e comportamento que se escondam alguns de nossos temores em um dos momentos mais íntimos de  nossa vida. A TERAPIA.
Como terapeutas precisamos reconhecer nosso momento de impotência e frustração, precisamos trabalhar na procura de uma medida certa quando lidamos com nossas capacidades e limites.

Nossa sociedade deve aprender a se relacionar de uma forma mais saudável com os profissionais da saúde mental, acho que ainda há muita gente que fala que ir no psicólogo é coisa de maluco, por sorte o conceito esta mudando. Ir no terapeuta deixou de ser um mistério. Naturalidade e espontaneidade começam a permear nossa relação com um olhar sensível e humanizado que nós permite controlar e regularizar o termo patologização.
Uma boa leitura, abraços

Luz Marina


A sala de espera do analista.

Martha Medeiros

Sempre que saio da minha consulta no analista, há uma senhora na sala de espera aguardando sua vez. Antes, eu cruzava por ela e fazia um aceno educado com a cabeça. Com o tempo, passei a sorrir e dizer “tudo bem?”. Em breve, me sentirei tão à vontade que perguntarei : “E aí, qual é a sua encrenca? Dificuldade de desapegar, síndrome do pânico, bipolaridade?”

E tudo terminará num bistrô, entre boas risadas.
Obviamente, meu comportamento demonstra um desajuste. Não é por acaso que preciso frequentar um profissional que aperte meus parafusos frouxos.
Percebi minha inadequação pois, quando sou eu que estou na sala de espera, a situação se inverte. O paciente anterior sai e nem olha para os lados. Cruza por mim como se eu fosse uma cadeira vazia. Nem uma espichada de olhos, nem um esgar, nem um grunhido. Não existo. Ele passa reto. Sou uma cadeira.
Eu poderia ficar com a autoestima abalada, ele não sabe o que está fazendo. Ou talvez saiba, mas não se importa com o que sinto. Será que ele não se importa com o que sinto? Acho que estou desenvolvendo um complexo de inferioridade. Mais essa agora. Desse jeito, minha alta não virá nunca.
Quando eu entro em uma pequena sala de espera, qualquer que seja, cumprimento quem ali está. Não saio dando beijinhos, mas demonstro educadamente que percebi a presença da outra pessoa no recinto. Logo, é natural que eu faça o mesmo numa sala de espera que frequento toda semana à mesma hora, e onde eventualmente vejo as mesmas pessoas saindo ou entrando. Compartilhamos uma rotina, ora.
Só que não funciona assim. Ninguém fica com vergonha de ir ao dermatologista, ao oculista ou ao geriatra, mas consultar um analista ainda é algo extremamente íntimo. Os pacientes sentem-se constrangidos ao serem vistos num ambiente onde costumam confessar seus traumas e fraquezas. Talvez não acreditem na eficiência do revestimento acústico das paredes, desconfiam de que aquela criatura ali na sala de espera escutou os detalhes de suas compulsões sexuais e de suas neuroses cabeludas. Era para ter ficado tudo em segredo, era para ser um momento privado, inviolável, confidencial – e é! –, porém, em poucos minutos, aquele estranho sentará na mesma poltrona, ou deitará no mesmo divã, e privará dos cuidados do mesmo profissional, imediatamente depois de termos estado ali, e a sensação é de promiscuidade.
Queremos acreditar que o terapeuta é só nosso. Mas não é: aquela criatura nefasta sentada na sala de espera nos joga na cara que somos apenas mais um, que nossos problemas não são o centro da atenção de quem nos analisa, de que é provável que suas paranoias sejam muito mais interessantes do que nossos questionamentos banais. Intolerável. Melhor fazer de conta que ali fora está apenas mais uma cadeira vazia.
Como tem gente maluca nesse mundo.


domingo, 19 de maio de 2013

DEPRESSÃO: O GRITO SILENCIOSO DA ALMA






"Não tenho tempo pra mais nada, 
ser feliz me consome muito"
Clarice Lispector





 

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), nos próximos 20 anos, a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo. A depressão afeta hoje 350 milhões de pessoas, sendo esta uma doença que afeta mais do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas. A OMS aponta também que a depressão será no futuro a doença que mais custos econômicos e sociais gerará. A depressão ainda é a primeira causa de incapacitação ao longo da vida.

Pesquisas realizadas com 12 mil brasileiros revela que 10% dos adultos apresentam sintomas de depressão. Porém, somente 28% receberam diagnóstico e apenas 15% utilizam medicações para controle da doença. Alguns outros dados estatísticos mostram que a Depressão afeta de 15% a 20% das mulheres e de 5% a 10% dos homens. Aproximadamente 2/3 das pessoas com Depressão não fazem tratamento e, entre os pacientes que procuram o clínico geral, apenas 50% são diagnosticados corretamente. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), mais de 80% das pessoas com depressão podem melhorar se receber o tratamento correto. A maioria dos indivíduos, no entanto, busca auxílio médico somente para tratar os primeiros sintomas da síndrome ou as recaídas.

Embora a Depressão possa afetar as pessoas em qualquer fase da vida, há uma alta incidência nas idades médias. Atualmente há um significativo aumento de Episódios Depressivos durante a adolescência e início da vida adulta. Segundo o site da Psiqweb a maioria dos pacientes deprimidos que não é tratada irá tentar suicídio pelo menos uma vez e 17% deles conseguem se matar. Com o tratamento correto, 70% a 90% dos pacientes recuperam-se da Depressão. A doença pode surgir a qualquer idade, ainda que os sintomas apareçam mais freqüentemente entre os 20 e 50 anos.

A Depressão é, essencialmente, uma doença que se manifesta por Episódios Depressivos recorrentes e cada episódio geralmente dura de alguns meses a alguns anos, com um período normal entre eles. Em cerca de 20% dos casos, porém, a Depressão segue um curso crônico e sem remissão, ou seja, continuamente (OMS), especialmente quando não há tratamento adequado disponível. O vídeo educativo producido pela Organização Mundial da Saúde -OMS-, explica de maneira simples e muito didática a Depressão. Uma simbólica reflexão da origem, processo e tratamento da depressão.

Tomo as palavras de Clarice Lispector: "Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito", como o grito silencioso emitido na prática clínica, grito silencioso de tristeza, de angustia e de vazio que se fundem na alma do paciente depressivo.

As palavras do médico Shekhar Saxena do Departamento de Saúde Mental da OMS:
"A depressão é uma doença como qualquer outra doença física, e as pessoas têm o direito de ser aconselhadas e receber o mesmo cuidado médico que é dado no caso de qualquer outra doença",  indicam que o grito começou a ser escutado e há uma necessidade de implementar políticas públicas adequadas.  que assim seja!!!


Achei no You Tube o video legendado em português..
http://www.youtube.com/watch?v=dFKsN9J0hTM
            




Outras fontes e Informações:
http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=56

http://www.oswaldocruz.com/index.php?Itemid=5&catid=7:noticias&id=56:depressao-sera-a-doenca-mais-comum-do-mundo-em-2030-diz-oms&option=com_content&view=article

sábado, 26 de maio de 2012

I N V E R S O S DE SYLVIA BELLO


































Quando alguém no Brasil me diz “ta sumida” (é olha lá que isso é muito frequente)  me sinto: “pega, surpresa e culpada”, não posso explicar o porque deste processo de reavaliação rápida, só sei que para mim ele é consciente e benéfico,  pelo menos no momento da cobrança. Funciona assim: num primeiro momento assumo a cobrança;  “é, sumi mesmo”, num segundo momento me auto-justifico; “Pessoas somem mesmo”. Mais tranquila e me achando justificada vou no contra ataque: “ mais como? você também sumiu”.   Ufff que alivio!!! finalmente consegui dividir minha culpa. Ao final das contas uma culpa compartida é sempre uma culpa menor. (por favor, não liga para este engano).

Estou falando aqui do ato de sumir, tão humano e tão comum porque já há um tempo que sumi deste espaço virtual, sumi por opção própria. Achei que tinha que "dar um tempo" na relação com a escrita e postergar os “deveria". Foi assim que fiquei no meu canto no intuito de rever e afinar alguns pensamentos, percepções e sentimentos. Esta pausa foi necessária para brincar, correr e deitar com minhas palavras, essas palavras retidas ou expostas em olhares, olhares traduzidos e sentidos em poemas, em crónicas e imagens.

Superada a crise de blogueira existencial, percebi que já estava na hora de sair do meu canto, de voltar, de aparecer, de compartir e retomei timidamente minha atividade nos blogs. Decidi então iniciar com meu blog em espanhol "Ser e Sentirse Extranjero (a)" ao final de contas sempre é melhor começar pelo mais fácil. Escrever em espanhol pode ser até um pouquinho mais facil, meu portunhol esta cada dia pior,  mi vida pessoal e profissional é uma verdadeira torre de babel.

Mesmo assim, ainda continuam na lista de “pendências” o blog Empreendedoras e este aqui, Outros Olhares. Tudo bem, quem mandou a ter tantos interesses. O problema não é esse. A verdadeira dificuldade aparece quando a gente se pergunta porque, por onde , como e quando aparecer depois de tanto tempo de ter sumido.
                                                                                                                   
No esforço de me entender percebo que minhas resistências surgem e se aferram  ao velho e “bom” esquema, aquele que falei antes, esse de me sentir “pega, surpresa e culpada". Sinto um  friozinho na barriga que me diz que posso estar flutuando no aveso e no reverso e decido então que esta na hora de falar para Sylvia Bello que sumi sim, que sumi por opção, por falta de tempo, por preguiça, sumi porque quis sumir. Me conforta saber que ela sabe que sumi do espaço virtual e não do seu espaço real.

Sylvia, durante esta ausência seu livro I N V E R S O S fico bem perto de mim aqui em casa, algumas vezes lendo seus poemas me senti como uma criança em uma deliciosa sorveteria que sem vergonha ou pudor ficou  saboreando e lambiscando seus poemas, suas palavras inversas e reversas.

Seria muito difícil sumir da vida desta mulher bacana, mulher sensível e mulher querida. Sylvia além de grande amiga e colega é para mim um exemplo de amor à escrita sem barreiras, sem preconceitos, uma escrita livre, sincera e profunda de sentimento espontâneo e apaixonado. Seu primeiro livro         I N V E R S O S é a prova de isto. Parabéns Sylvia Bello!!! BELLISIMOOOOOO



I N V E R S O S 

Quando eu escrevo, é preciso grafite de ponta
de faca, de papelmacio, branco feito pele pálida.
Desenho paçavras de um corpo que vai tomando forma
e de fio em fio desvenda uma silhueta misteriosa
Nesses tantos traços finos,leves,que cortam e desbotam,
vou abrindo uma alma que pode ser minha própria porta.
Pensando em versos, é que dou a luz essa nova obra.
Me reviro toda, inversos, de um lado e de outro.
Me transformo e invento naquilo que tudo quero,
sem ordem, sem preferência, de frente ou de costas,
nenhuma preocupação com estilo ou conceito de bello.
Em tão poucas linhas traçadas, me liberto das amarras
e como numa escapada da alma, fosse desenhando
o meu lado de dentro no mundo fora.


Sylvia Bello
Inversos Pág. 15


VERSO REVERSO

De dia sou lenta
De noite ninguém me aguanta

Sob o Sol, arco-íris
Sob a Lua prateada, cetim


Ao som, de todas as notas
No silencio, só a minha voz.

Na rua, muitas vidas
Em casa, vidas mútuas

Todos os nomes são bonitos
O meu simplesmente é Bello.


LIVRO   I N V E R S O S

Sylvia Bello
Editora Multifoco
Rio de Janeiro
2012


domingo, 22 de maio de 2011

SENTIDOS


" Há duas maneiras de pensar a vida;
Poder seguir lamentando pelo sentido que a vida não teve ou aproveitar o
máximo aquilo que ela te apresenta"
Texto do video enviado por Maria Gabriela Lima, um outro olhar, um SENTIR.
 

"De todos os sentidos, a vista é o mais superficial. O ouvido, o mais orgulhoso. O olfato, o mais voluptuoso. O gosto, o mais inconstante. E o tato, o mais profundo". Diderot



domingo, 8 de maio de 2011

DELICIA DE AMOR MATERNO E PATERNO

Foto Facebook.
Esta foto postada no Facebook de uma família da cidade de Colombus, estado de Ohio nos (USA) foi realizada para ajudar arrecadar fundos. A mãe tem que mudar seus seis filhos com cerca de 50 fraldas, por dia os sêxtuplos  consomem cerca de 30  garrafas de leite, esta família  vive com um salário. Não foto não dai para perceber os apertos e o trabalho cotidiano, os gestos de ternura, paz , amor e tranquilidade falam mais alto e nos convida neste dia a refletir sobre o amor materno e paterno,  me permito citar aqui o hermoso texto do Professor da USP, Moacir Gadotti no artigo: AMOR PATERNO - AMOR MATERNO
O quanto é necessário - O quanto é insuficiente.


" O amor paterno/materno é uma conquista não só acessível a todos. Ele tem características tão comuns que quando falamos do nosso amor estamos falando também do amor de outros. Se ele não é certamente um instinto, mas uma conquista, ele só pode ser uma conquista porque potencialmente ele se encontra em todos os seres humanos. Todos somos capazes de amar. Se não estamos amando num certo momento, não significa que o amor não existe dentro de nós. No fundo, ao amar alguém, estamos amando o amor que está sempre dentro de nós.." 
veja: http://www.paulofreire.org/pub/Institu/SubInstitucional1203023491It003Ps002/Amor_paterno_amor_materno_1997.pdf

Feliz dia das mães para as mães e pais que amam, cuidam e acolhem com seu amor materno e paterno.

Meu abraço para todas e todos.

Luz Marina

quarta-feira, 27 de abril de 2011

VOCABULÁRIO FEMININO

Foto Arquivo Luz Marina
PALAVRA DE MULHER... 
Seja na minha vida pessoal ou na terapia sou fascinada pelo poder da palavra na boca da mulher. Segundo o momento, a necessidade, o desejo, as possibilidades ou as dificuldades, as palavras são faladas, colocadas, reinventadas, afirmadas, negadas e VIVIDAS.
Palavras como culpa, intuição, desejo, amor, medo, raiva, responsabilidade e desejo dentre outras, pulam, crescem, intimidam, vai e voltam.
Estou reeditando este post com o maravilhoso texto de Leila Ferreira, um OUTRO OLHAR.  
Abraços
Luz Marina

Vocabulário feminino

Leila Ferreira
"Se eu tivesse que escolher uma palavra – apenas uma –
para ser item obrigatório no vocabulário da mulher de hoje,
essa palavra seria um verbo de quatro sílabas:
descomplicar.
Depois de infinitas (e imensas) conquistas, acho que está
passando da hora de aprendermos a viver com mais leveza:
exigir menos dos outros e de nós próprias, cobrar menos,
reclamar menos, carregar menos culpa, olhar menos para o
espelho.
Descomplicar talvez seja o atalho mais seguro para
chegarmos à tão falada qualidade de vida que queremos
e merecemos – ter.
Mas há outras palavras que não podem faltar no kit
existencial da mulher moderna.
Amizade, por exemplo. Acostumadas a concentrar nossos
sentimentos (e nossa energia...) nas relações amorosas,
acabamos deixando as amizades em segundo plano.
Incorpore ao seu vocabulário também duas palavras que têm
estado ausentes do cotidiano feminino:
pausa e silêncio.
Aprenda a parar, nem que seja por cinco minutos, três vezes
por semana, duas vezes por mês, ou uma vez por dia – não
importa – e a ficar em silêncio.

Essas pausas silenciosas nos permitem refletir, contar até
100 antes de uma decisão importante, entender melhor os
próprios sentimentos, reencontrar a serenidade e o equilíbrio
quando é preciso.

Também abra espaço, no vocabulário e no cotidiano, para o
verbo rir. Não há creme anti-idade nem botox que salve a
expressão de uma mulher mal-humorada.
Azedume e amargura são palavras que devem ser banidas
do nosso dia a dia.

Se for preciso, pegue uma comédia na locadora, preste
atenção na conversa de duas crianças, marque um encontro
com aquela amiga engraçada – faça qualquer coisa, mas ria.
O riso nos salva de nós mesmas, cura nossas angústias e
nos reconcilia com a vida.
 

Outro vocabulário: gentileza. Ter classe não é usar roupas
de grife: é ser delicada. Saber se comportar é infinitamente
mais importante do que saber se vestir.
Vamos resgatar aquele velho exercício que anda esquecido:
aprenda a se colocar no lugar do outro, e trate-o como você
gostaria de ser tratada, seja no trânsito, na fila do banco,
na empresa onde trabalha, em casa, no supermercado,
na academia.
E, para encerrar, não deixe de conjugar dois verbos que
deveriam ser indissociáveis da vida:
sonhar e recomeçar.
Sonhe com aquela viagem ao exterior, aquele fim de semana
na praia, o curso que você ainda vai fazer, a promoção que
vai conquistar um dia ... sonhar é quase fazer acontecer.
Sonhe até que aconteça. E recomece, sempre que for
preciso: seja na carreira, na vida amorosa, nos
relacionamentos familiares. A vida nos dá um espaço de
manobra: use-o para reinventar a si mesma.
E, por último (agora, sim, encerrando), risque do seu
Aurélio a palavra perfeição.

O dicionário das mulheres interessantes inclui fragilidades,
inseguranças, limites.

Pare de brigar com você mesma para ser a mãe perfeita, a
dona de casa impecável, a profissional que sabe tudo, a
esposa nota mil.

Acima de tudo, elimine de sua vida o desgaste que é tentar
ter coxas sem celulite, rosto sem rugas, cabelos que não
arrepiam, bumbum que encara qualquer biquíni.
Mulheres reais são mulheres imperfeitas.

E mulheres que se aceitam como imperfeitas são mulheres
livres.  Viver não é (e nunca foi) fácil, mas, quando se elimina o
excesso de peso da bagagem (e a busca da perfeição pesa
toneladas), a tão sonhada felicidade fica muito mais possível".