quinta-feira, 13 de maio de 2010

SEXUALIDADE NA ÓTICA DOS PROFESSORES























Sexualidade e educação podem ainda não caminhar em total harmonia, mas a perspectiva é cada vez mais possível, sobretudo porque as temáticas relativas a gênero e sexualidade estão progredindo no âmbito educacional de uma forma livre dos lugares comuns, preconceitos e estereótipos. No entanto, muitos estigmas ainda sobrevivem e o curso semipresencial Gênero e Diversidade na Escola (GDE) é uma das pontes para a aproximação entre questões ligadas à sexualidade e o ambiente escolar.

O GDE é articulado pelo CLAM/UERJ, em parceria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e Ministério da Educação (MEC) desde 2005. Presente em todos os Estados do país, o curso foi o ponto de partida para a criação da Rede de Educação para a Diversidade, inaugurada em 2008 pelo MEC. A iniciativa promove o tratamento dos temas transversais na sala de aula, como raça, gênero, sexualidade e meio-ambiente.


O GDE busca tratar de questões de gênero, sexualidade e relações étnico-raciais junto a profissionais de educação da rede pública, dos ensinos Fundamental e Médio. As mudanças na atitude desses professores que cursam o GDE acabam se refletindo no comportamento de seus alunos mais tarde, em sala de aula. “O professor é uma referência em sala de aula. E, se esse professor não respeita as diferenças, o aluno se vê empoderado a continuar discriminando colegas de classe”, ressalta Bianka Pires, professora universitária que trabalhou como tutora do GDE em 2009 e participará do programa novamente este ano. No projeto, tutor é a pessoa que monitora o processo de aprendizagem no ambiente virtual. Em geral, são mestrandos e doutorandos das áreas das ciências sociais que vão orientar os professores cursistas. Cada um é responsável por um número de professores e dialoga com estes através de fóruns de debates e do diário – ferramenta específica da educação a distância que registra os conhecimentos prévios e adquiridos pelo cursista.

Muitos tutores acreditam que já podem ser percebidas modificações na atuação dos professores. “No curso analisamos e discutimos bastante as temáticas de gênero, sexualidade, raça e etnia. É impossível um professor voltar para a sala de aula e ver aquilo tudo da forma como via antes”, analisa Rafael Chaves, professor de Geografia da rede estadual e tutor do GDE.

“Começamos a perceber a diferença nas piadas dentro da sala de professores, a diferença no uso de vocabulário. Se algum professor tem algum tipo de preconceito, e é claro que existe bastante, ele tem vergonha de ter esse preconceito ou não fica tão à vontade para expô-lo”, afirma o professor da rede estadual André Barbosa, tutor do GDE desde 2005.

Neste ano, o curso oferecerá 1.500 vagas para professores em nível de atualização e mais 500 vagas para nível de especialização em todo o estado do Rio de Janeiro. O GDE é semipresencial e possui carga horária de 200 horas. Na edição deste ano, que começa hoje, houve aumento do número de aulas presenciais.

Leila Araújo, coordenadora do programa, enfatiza a importância de se discutir questões como gênero e diversidade sexual e racial. “Os temas ainda são um tabu na sociedade e, por isso, são silenciados em sala de aula. Muitos professores, por não terem fundamentos para lidar com essa realidade, acabam reproduzindo preconceitos e estereótipos de gênero”, afirma....

Publicada em: 05/05/2010 às 12:00 notícias CLAM
Fonte: CLAM centro latino-americano em sexualidade e direitos humanos

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